segunda-feira, 5 de julho de 2010

FALANDO EM NOME DE DEUS


1Reis 13.1-32
O Senhor enviou um de Seus profetas a Betel para que profetizasse contra o altar que estava ali. Jeroboão, rei de Israel, que havia construído o altar para que o povo não precisasse ir a Jerusalém sacrificar, temendo que voltasse ao domínio da dinastia davídica, irou-se contra o profeta e estendeu seu braço, ordenando que o homem de Deus fosse preso. No mesmo instante, seu braço secou e não pôde recolhê-lo, ele pediu então que o profeta intercedesse ao Senhor para que seu braço voltasse ao normal, e assim aconteceu.
Ao retornar para Judá, ele foi interceptado por um homem que se dizia profeta que acabara de receber uma visão de um anjo ordenando que voltasse com ele para comer pão em sua casa, contrariando assim a Palavra que o Senhor lhe havia dito anteriormente (1Reis 13.16,17). A despeito do que o Senhor havia lhe ordenado, o profeta retorna para comer na casa daquele homem e é severamente repreendido por Deus e como conseqüência de sua desobediência ele perde sua vida, vitimado por um leão.
Certamente aquele homem de Deus estava cansado e faminto, saiu de Judá (o texto não menciona a cidade) e foi para Betel, entregou a mensagem e estava retornando, aquelas palavras eram o que ele gostaria de ouvir, descansar e comer.
Muitas vezes a Palavra de Deus contraria nossos interesses pessoais, e quando alguém nos diz palavras agradáveis preferimos atender a elas que a Palavra do Senhor. Hoje as pessoas procuram alternativas para satisfazer seus egos. Lembro-me do rei Acabe que cercava-se de falsos profetas e rejeitava a Elias e Micaías, os quais nunca profetizavam o que ele queria (1Reis 22.8). Baseado neste texto, quero fazer uma reflexão sobre falar em nome de Deus...

I – NEM TODOS OS QUE DIZEM FALAR EM NOME DE DEUS O FAZEM DA PARTE DELE (18)
Aquele homem queria tanto que o profeta se hospedasse em sua casa que evoca autoridade divina para que suas palavras fossem atendidas. Quando os falsos profetas de Acabe falavam, diziam fazê-lo em nome do Senhor (1Reis 22.6). Podemos encontrar vários exemplos como este nas Escrituras Sagradas, homens falando do seu próprio coração palavras que, segundo eles, vieram do Senhor.
Esta prática é condenável por Deus. Em Jeremias 23.32, lemos “Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o SENHOR, e os contam, e com as suas mentiras e leviandades fazem errar o meu povo; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e também proveito nenhum trouxeram a este povo, diz o SENHOR”. No capítulo 27, no versículo 15 do mesmo livro Deus diz: “Porque não os enviei, diz o SENHOR, e profetizam falsamente em meu nome, para que eu vos expulse e pereçais, vós e eles que vos profetizam”. Somos advertidos em Apocalipse 22.18: “Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro”; as advertências não são apenas para aqueles que falam, mas também aos que dão crédito aos falsos profetas.
A partir da Idade Média, os papas evocavam autoridade igual ou superior à Palavra de Deus. Hoje, além deles, muitas pessoas se levantam, sem o menor temor, como arautos de seus próprios corações, alegando falar em nome de Deus. Um pastor pentecostal respeitado disse certa vez que mais de 90% dos que dizem falar em nome do Senhor o fazem de maneira mentirosa, ou por dolo ou por ignorância, pois algumas denominações ainda pregam que alguém só foi batizado com o Espírito Santo quando fala em línguas ou profetiza, aguçando assim o lado emocional de seus fiéis.
Algo que posso afirmar é que Deus é maior que minha teologia, pois esta é uma tentativa humana de entender Aquele. Sei que o Senhor é soberano para fazer o que quiser na hora que desejar, isso nos leva ao ensino seguinte.

II – DEUS NUNCA CONTRARIA SUA PALAVRA (21, 22)
Deus repreende Seu profeta por este não dar ouvidos à Sua Palavra, antes aceder às palavras de outro homem. Algo que vemos freqüentemente nas Escrituras é a imutabilidade de Deus e Seus propósitos. Em Números 23.19 lemos: “Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?” Alguns outros textos nos deixam pensativos quanto a essa afirmativa. Não sou um exegeta, apenas um estudioso da Palavra de Deus. A palavra traduzida por arrepender (arrependa) nesse versículo, segundo o Interlinear Scripture Analyzer 2.0 (ISA), aparece somente aqui, a palavra utilizada em outros textos para afirmar que Deus se arrependeu é outra (ocorrências em Gênesis 6.6; 38.12; Êxodo 32.14; 2 Samuel 24.16; 1Crônicas 21.15; Jeremias 26.19; Jonas 3.10). Chamo à atenção para Gênesis 38.12, onde é traduzida por consolado, dando a idéia de um sentimento que já se cumpriu. Isto está de conformidade com o texto de Números supracitado e com outras afirmativas, tais como: Malaquias 3.6a “Porque eu, o SENHOR, não mudo”. Podemos afirmar com toda a certeza, o nosso Deus não muda de idéia (ai de nós se Ele o fizesse).
Freqüentemente, vemos alguns políticos, e não apenas eles, voltando atrás em suas palavras e, por muitas vezes contradizendo-as, contudo, isso não se aplica ao nosso Deus e este texto de 1Reis, assim como toda Escritura, nos mostra isso.
Aquele profeta deveria ter maturidade para perceber que a palavra daquele homem contrariava a Palavra do Senhor, e então rechaçá-la. Os que dão crédito a qualquer palavra dão sinal de imaturidade. Paulo elogia os bereanos, pois conferiam tudo quanto lhes era dito com a Escritura (Atos 17.11). Em Gálatas 1.8,9 o mesmo apóstolo declara que se ele, outra pessoa ou ainda um anjo aparecesse e pregasse outro Evangelho diferente que fosse anátema (maldito). Não precisamos de profetas, anjos, sonhos ou visões, pois temos a Palavra de Deus, esta era a convicção do reformador Martinho Lutero e também deve ser a nossa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário